Já se perguntou qual camada da pele o peeling químico atinge? Essa é uma dúvida muito comum nos pacientes que desejam fazer esse procedimento.
A profundidade do peeling químico influencia diretamente na recuperação e nos resultados. Afinal, sua pele é o maior órgão do corpo e está diretamente ligada à sua saúde e estética.
Em outro artigo, expliquei quais são os tipos de peeeling. Agora, vamos focar em esclarecer suas dúvidas sobre como os ácidos penetram na pele e quais complicações podem surgir.
Essa é a nossa pele:
Observe bem essa imagem, pois ela ilustra a profundidade atingida pelo peeling químico.
Nossa pele é dividida em duas camadas principais:
- Derme, composta por duas camadas: papilar e reticular.
- Epiderme, que possui cinco subcamadas;
Antes mesmo do peeling superficial, existe o muito superficial, que atinge apenas o extrato córneo (camada de células mortas). Esse efeito pode ser alcançado com produtos de skincare contendo ácidos cosméticos, como ácido glicólico 10%.
Peeling superficial
Como indicado na imagem, o peeling superficial penetra toda a epiderme, camada mais externa da pele. Pode alcançar o topo da derme papilar (na junção entre a epiderme e a derme), devido à irregularidade na transição entre as camadas.
A intercorrência mais comum é a hiperpigmentação pós-inflamatória, aparecimento de uma mancha escura em áreas sensibilizadas. No entanto, essa condição é reversível com uma nova sessão e pode ser evitada seguindo corretamente as recomendações pós-peeling.
Pela minha experiência profissional, os peelings superficiais são seguros, desde que aplicados em pele íntegra, após uma avaliação detalhada da pele e do histórico de saúde do paciente.
Durante o procedimento, o desconforto costuma ser leve, variando entre uma leve ardência ou pinicação, dependendo do ácido utilizado.
Sem dúvida, esse é o tipo de peeling químico mais seguro, e caso ocorra alguma intercorrência, é possível resolvê-la com facilidade. Além disso, podem ser realizadas múltiplas sessões, garantindo um efeito acumulativo e resultados progressivos com segurança.
Peeling médio
Penetra toda a epiderme e chega até a derme papilar. Um exemplo clássico desse tipo de peeling é o ácido tricloroacético (TCA) a 35%.
Segundo o artigo, Basic chemical peeling: Superficial and medium-depth peels, o TCA em concentração acima de 35% é recomendado apenas para o tratamento focal de lesões individuais, pois seu uso em grandes áreas pode aumentar os riscos de complicações pigmentares e cicatrizes.
Nessa profundidade, já existe a possibilidade de cicatrizes inestéticas caso o procedimento não seja realizado corretamente ou se o paciente não seguir as recomendações à risca.
Peeling profundo
Penetra até a derme reticular. É considerado um procedimento avançado, o que exige mais cuidados para controlar a penetração do ácido utilizado.
Quais são os peelings profundos?
Peeling de fenol e peeling TCA (ácido tricloroacético) acima de 40% são considerados profundo.
São indicados, principalmente, para peles maduras, que sofreram muita agressão ao longo da vida, apresentam flacidez severa, rugas profundas ou possuem cicatrizes de acne profundas (bem evidentes).
Quanto mais profundo o peeling, maior a chance de intercorrências. No caso do peeling de fenol, há um risco aumentado de toxicidade para órgãos vitais, como coração, fígado e rins.
Além disso, a recuperação do peeling profundo demanda mais tempo e cuidados rigorosos para evitar contaminações e complicações.
Leia este artigo para saber mais benefícios do peeling químico.
Como escolher o peeling químico?
A escolha do peeling químico deve ser feita por um profissional qualificado, que analisará sua pele, seu histórico de tratamentos e suas queixas. Após essa avaliação minuciosa, ele indicará o tratamento mais adequado para proporcionar o melhor resultado.
Para realizar o procedimento com segurança, é fundamental atender a três requisitos:
- Ter indicação para o procedimento
- Escolher um profissional habilitado e ético para acompanhar o processo
- Estar disposta a seguir todas as recomendações pós-peeling
Esses três pontos são essenciais para ter um o resultado desejado. Vale lembrar que intercorrências podem acontecer mesmo sem erros na técnica.
Mas, um profissional de confiança estará pronto para esclarecer suas dúvidas e orientá-la sobre como prevenir e resolver possíveis complicações.
Não tenha medo de perguntar! Anote todas as suas dúvidas e converse com seu profissional. No meu atendimento, por exemplo, mantenho contato direto pelo WhatsApp para garantir que minhas pacientes tenham suporte sempre que precisarem.
Optei por realizar apenas o peeling químico superficial em consultório, pois ele é o mais seguro e entrega excelentes resultados para diversas queixas. Se for do Rio de Janeiro siga @dravictoriabrito.
O que faz a profundidade do peeling químico variar?
A profundidade do peeling químico pode aumentar quando alguns fatores são alterados, tais como:
- pH mais ácido – Quanto menor o pH, maior a penetração do ácido na pele.
- Alta concentração – Um ácido com 1% tem efeito diferente de um a 30%, por exemplo.
- Tempo de aplicação – Cada peeling tem um tempo determinado para ser removido. Alguns podem continuar penetrando se não forem neutralizados corretamente.
- Quantidade aplicada – O número de camadas aplicadas pode potencializar o efeito do peeling.
- Preparação da pele – O ideal é que a pele esteja íntegra antes do procedimento. No entanto, alguns produtos podem ser usados na preparação para potencializar os resultados sem causar danos.
- Estrutura molecular – Quanto menor a molécula do ácido, maior sua capacidade de penetração, tornando-o mais agressivo.
Qual é a principal diferença entre peeling superficial e peeling profundo?
O peeling superficial indicado para afecções como manchas na pele, acne inflamada, melhora da textura da pele, cicatrizes de acne (leves a moderadas) e redução da oleosidade.
Nesses casos, não é necessário aprofundar muito porque os alvos estão na epiderme. Por exemplo, os melanócitos (células que produzem o pigmento da pele, a melanina) estão localizados na camada basal da epiderme.
Já o peeling profundo é indicado para tratar problemas de pele mais severos, como rugas profundas, especialmente em peles maduras que sofreram com exposição solar excessiva, além de flacidez acentuada e cicatrizes de acne profundas, que deixam a pele irregular a ponto de ser perceptível à distância.
Lembre-se: quanto maior a profundidade do peeling químico, maior o tempo de recuperação, maiores os cuidados necessários e maior o risco de complicações, inclusive sistêmicas, como mencionado anteriormente.
Ao remover as camadas superficiais da pele, o peeling químico gera uma agressão intencional e controlada para estimular a renovação celular e melhorar o aspecto da pele. Para garantir um pós-procedimento tranquilo, é essencial saber diferenciar o que é normal ou não durante a recuperação.
Por isso, escrevi o artigo “Pós-Peeling: Como Fica a Pele, O Que é Normal e Quando se Preocupar?” focado em identificar se o que você está sente faz parte do processo normal ou não.
Qual peeling descama mais?
Dentre os três tipos mencionados, o peeling profundo é o que causa maior descamação. Ele provoca a formação de uma crosta na pele, que endurece e se desprende gradativamente.
O paciente não deve puxar a pele descamada em hipótese alguma, pois isso pode causar sequelas irreversíveis.
A intenção deste conteúdo não é gerar medo, mas sim esclarecer sobre a profundidade do peeling químico, seus riscos e benefícios.
Toda decisão deve ser tomada com segurança, com um profissional de confiança, que te oriente adequadamente para que o procedimento traga os melhores resultados, deixando sua pele mais jovem e viçosa.
Conseguiu entende sobre a profundidade do peeling químico? Em caso de dúvidas, deixe um comentário.
Para fins de pesquisa e aprofundamento no assunto, segue abaixo a bibliografia consultada.
SMALL, Rebecca; HOANG, Dalano; UNDER, Jennifer. Guia prático de peelings químicos. Apresentação de John L. Pfenninger. São Paulo: Di Livros Editora, 2014.
AZULAY, D. R.; AZULAY, A. B. Dermatologia Azulay. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 2044.
TERAPÊUTICA em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: PHorte Editora.
LEE, Kachiu C.; WAMBIER, Carlos G.; SOON, Seaver L.; STERLING, J. Barton; LANDAU, Marina; RULLAN, Peter; BRODY, Harold J. Basic chemical peeling: superficial and medium-depth peels. Journal of the American Academy of Dermatology, [s.l.], v. 79, n. 2, p. 315-327, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jaad.2018.03.062.